Nos solidarizamos com a Conaq e com os familiares de Bernadete e nos ladeamos a outras organizações da sociedade civil para exigir justiça

O Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato – Opi manifesta pesar e indignação pelo brutal assassinato de Bernadete Pacífico, yalorixá, liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares (BA) e da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). A líder religiosa e quilombola tinha 72 anos e foi executada a tiros nesta quinta-feira (17), no município de Simões Filho, região Metropolitana de Salvador.

Bernadete foi assassinada dentro do terreiro onde celebrava por homens encapuzados. Expressamos nossa solidariedade aos familiares, amigos, à toda comunidade quilombola e à Conaq. O Brasil perde uma defensora dos direitos humanos que dedicou a vida à preservação da cultura, religião e história de seu povo, combatendo o racismo e o racismo religioso. Sua dedicação incansável na defesa de uma vida digna para as comunidades quilombolas sempre será fonte de inspiração para defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil e no mundo.

Dona Bernadete era mãe de Binho do Quilombo, Flavio Gabriel Pacífico dos Santos, que foi assassinado em 2017, vítima, como a mãe, de uma execução brutal. Perguntamos às autoridades: se o crime que vitimou Binho tivesse sido investigado e seus perpetradores e mandantes  punidos na forma da lei, não poderia ter sido evitado esse segundo crime brutal?

A impunidade não pode mais ser a regra para as violências contra defensores de direitos humanos no Brasil. O Opi se irmana com a Conaq e as organizações ea sociedade civil para exigir das autoridades investigações imediatas e diligentes do caso e responsabilização de todos os envolvidos, tanto executores quanto mandantes. A responsabilidade eventual das autoridades que foram negligentes com as ameaças que Dona Bernadete sofria também precisa ser apurada.