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Isolados se aproximam cada vez mais de aldeias no Alto Iaco, no Acre. Lideranças pedem medidas urgentes

Vestígios isolados Mamoadate.
Vestígios da passagem dos isolados são encontrados cada vez mais próximos das casas e roçados do povo Manchineri.

Publicado por Opi

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Povo Manchineri da Terra Indígena Mamoadate alerta a Funai sobre situação de contato iminente 

Em nova carta aberta à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a Associação Mappha (Manxinerune Ptohi Phunputuru Poktshi Hajene), ressalta a urgência da instalação de uma Bape – Base de Proteção Etnoambiental da Funai, na Terra Indígena Mamoadate, para a realização de atividades de monitoramento territorial e proteção de seus “parentes desconfiados” em trabalho conjunto com a Frente de Proteção Etnoambiental Envira. Uma primeira carta relatando a situação foi enviada no dia 21 de novembro, mas nesse meio tempo, novos episódios de aproximação dos indígenas isolados agravaram a situação.

“Tudo indica que há possibilidade iminente de contato, tendo em vista que há um aumento da
frequência de eventos (avistamentos de vestígios e escuta de assobios). Os avistamentos de
vestígios e escuta de assobios têm ocorrido cada vez mais perto da aldeia Extrema. Há vestígios
e escuta de assobios dentro dos roçados da aldeia Extrema, algo que ainda não
havia ocorrido. Antes estes episódios se devam nos igarapés relativamente mais distantes da
aldeia”, relatam as lideranças na carta.

Os isolados estão cada vez mais próximos das casas e das roças do povo Manchineri não só na aldeia Extrema como na Lago Novo. A carta traz uma lista dos últimos episódios de vestígios encontrados na região: em 6 de novembro, foi encontrado vestígio no roçado de Alberico Manchineri, no dia 23 do mesmo mês foram escutados sopros à noite, em frente à casa de Alberico. E nos dias 9, 11 e 12 de dezembro, foram encontrados novos vestígios em Igarapé frequentando pelos Manchineri, pegadas em outro roçado e barulhos dos isolados próximo a casa de outra família. 

As lideranças reivindicam “a construção imediata da Base de Proteção Etnoambiental na aldeia Extrema, com toda a infraestrutura e equipamento necessários para a atividade de monitoramento (barco, motor, equipamentos de geotecnologia, equipamento de comunicação). Falam também sobre a importância de que os monitores indígenas que atualmente trabalham na Funai tenham seus pagamentos garantidos e efetivados. Os Manchineri reservam parte significativa da Terra Indígena Mamoadate para o bem-viver dos parentes isolados e afirmam estar fazendo sua parte. Mas consideram fundamental a instalação da base para a proteção dos grupos em isolamento.

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