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Opi manifesta pesar e indignação pelo assassinato do brigadista Sidiney de Oliveira Silva, no Tocantins

Brigadista combate incêndio na Ilha do Bananal em 2021.
Brigadista combate incêndio na Ilha do Bananal em 2021. Foto: Ibama

Publicado por Opi

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Experiente no combate a incêndios, o ambientalista ajudava a proteger as matas da Ilha do Bananal, onde vivem indígenas isolados Avá Canoeiro

O Opi – Observatório dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato vem a público se solidarizar com a família e os amigos de Sidney de Oliveira Silva, conhecido como Nenê, ambientalista que atuava no Estado do Tocantins e foi executado a tiros na porta da casa de sua irmã, no último dia 15. Ele atuava no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) e era presidente da Associação de Brigadistas da Brigada Federal Nordeste do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). 

Morador da Ilha do Bananal, Sidiney tinha papel destacado na proteção das matas da região e participou de expedição em que foram localizados indígenas isolados Avá Canoeiro, que vivem na área conhecida como Mata do Mamão. A presença deles foi confirmada pelos povos da região e é responsabilidade do Estado brasileiro protegê-los. De acordo com a imprensa, ele vinha sendo ameaçado por fazendeiros por atuar contra queimadas e invasões na ilha. Em vídeo publicado pelo Ibama no ano passado, Sidiney aparece coordenando o resgate de pirarucus que ficaram presos em poças após incêndios florestais. 

Em nota, o Ibama lamentou o crime e prestou solidariedade à família e aos amigos de Sidiney, que tinha sido selecionado para atuar no combate ao fogo na próxima temporada de seca, em 2024. Ele foi assassinado antes de assinar o contrato. O crime é investigado pela Polícia Civil do Estado do Tocantins, que até agora não deu respostas ou localizou suspeitos. A Associação Nacional de Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema) anunciou, em entrevista à TV Brasil, que vai pedir a entrada da Polícia Federal na investigação. 

A Ilha do Bananal é a maior ilha fluvial do mundo, com mais de vinte mil quilômetros quadrados de área, habitada por indígenas Karajá, Javaé, Avá-Canoeiro e Tapirapé. Nos últimos anos vem sendo invadida pela pecuária e, atualmente,  as áreas de floresta estão cercadas e pressionadas por dezenas de pastos e cercas. Calcula-se em quase 100 mil cabeças de gado o rebanho na região. A situação ameaça diretamente os indígenas isolados e as florestas e agora pode ter provocado o bárbaro crime que vitimou Sidiney Oliveira da Silva, em mais um ataque contra defensores do meio ambiente e dos indígenas isolados. 

Entre 2020 e 2023 vários incêndios atingiram  a Mata do Mamão, onde vivem os isolados. O fogo é provocado pela queima de áreas para plantio de pasto no entorno e era contra ele que Sidiney Oliveira lutava. Além do perigo de genocídio para os isolados, o avanço da pecuária ameaça uma região que é considerada um santuário ecológico, por ser uma savana inundável em uma zona de transição entre os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, com a presença de espécies endêmicas – que só existem lá. Como local de sociobiodiversidade único, a Ilha do Bananal vem sendo devastada pelo gado.

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