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Famílias de Bruno e Dom repudiam falas de Omar Aziz sobre os assassinatos

Bruno e Dom | Foto: divulgação
Bruno e Dom | Foto: divulgação

Publicado por Opi

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Sem apresentar nenhuma evidência ou fato novo, senador usou seu espaço na Comissão de Constituição e Justiça para apresentar versão fantasiosa sobre a motivação dos crimes

O senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, utilizou seu mandato como parlamentar e seu espaço na Comissão de Constituição e Justiça do Senado para apresentar, sem nenhuma evidência ou fato novo, uma versão fantasiosa sobre a motivação dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira, fundador do Opi e do jornalista Dom Phillips.

Ele disse em público que os crimes brutais foram provocados por alguma desavença pessoal entre Bruno e os assassinos, versão que contradiz as investigações da Polícia Federal e a denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra os assassinos confessos de Bruno e Dom. A fala foi proferida durante sessão no dia 30 de outubro que tratava do projeto de lei para assegurar porte de arma aos servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

As famílias de Bruno Pereira e Dom Phillips divulgaram nota de repúdio ao discurso do senador, que consideraram “leviano”. O Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato se solidariza com os familiares e igualmente repudia a utilização do mandato parlamentar para produzir uma interpretação falsa sobre o contexto dos crimes que chocaram o Brasil e o mundo em junho de 2022.

Leia a nota das famílias na íntegra:

“As famílias de Bruno da Cunha Araújo Pereira e Dominic Phillips vêm a público repudiar a fala proferida pelo Senador Omar Aziz em sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal no dia 30 de outubro.

Em um pronunciamento leviano, o Senador reduziu o brutal e trágico duplo homicídio ao deslinde de uma desavença pessoal iniciada pela vítima dos crimes, versão esta que não encontra o mínimo amparo nem nas investigações conduzidas pela Polícia Federal nem nas provas produzidas judicialmente.

A fala do Senador Aziz revitimiza Bruno Pereira, Dom Phillips e suas famílias, mortos no nobre exercício de suas profissões, desacredita o árduo trabalho dispendido pelo Estado Brasileiro na elucidação dos fatos e apuração das responsabilidades de seus autores, e minimiza a vulnerabilidade vivenciada por agentes públicos e profissionais da imprensa na região.”

O projeto que estava em discussão quando o senador Omar Aziz fez sua declaração é o PL 10.326/2022, de autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES), que prevê o porte de arma de fogo para agentes da Funai durante ações do órgão. Entre as justificativas do PL está a insegurança a que estão submetidos servidores da Funai, indigenistas e indígenas na execução de suas missões institucionais em locais conflituosos.

“Esse projeto de lei se deu pela morte do indigenista Bruno e o Dom Phillips que foram mortos com requinte de crueldade, inclusive, com ocultação de cadáver. Não podemos admitir que infelizmente os grileiros estão armados e esses funcionários que estão lá, “pagando com a vida”, como foi o caso desses dois, lá no meio da floresta amazônica”, declarou o autor.

Além de fundador do Opi, Bruno Pereira era servidor de carreira da Funai e tinha sido dispensado da Coordenação Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) durante a presidência do delegado Marelo Xavier, que chegou a ser indiciado pelos crimes. Ele estava licenciado da Funai e trabalhava como consultor técnico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), quando foi assassinado em junho de 2022 ao lado do jornalista britânico Dom Phillips, que o acompanhava para preparar um livro sobre a Amazônia.

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