Executado em 2019 após atuar contra pesca ilegal no Vale do Javari, o indigenista teve seu caso enviado ao MPF e à Justiça Federal sem identificação de mandantes ou autores. Familiares apontam ligações com redes criminosas na tríplice fronteira e defendem a continuidade das investigações
Em 2019, o indigenista Maxciel Pereira dos Santos, servidor terceirizado a serviço da Funai no Vale do Javari (AM), foi executado em Tabatinga após anos de atuação em ações de vigilância contra pesca predatória e outras atividades ilegais que pressionam a Terra Indígena Vale do Javari. O crime ocorreu em um contexto de escalada de violência contra bases da Funai na região, com ameaças, ataques armados e fortes interesses de redes criminosas que exploram recursos naturais nas fronteiras Brasil–Peru–Colômbia.
A Polícia Federal pediu o arquivamento do inquérito sobre o assassinato do indigenista. O relatório é datado de 15 de setembro de 2025 mas foi divulgado apenas em 11 de novembro, em reportagem do Intercept. A PF afirma não haver provas suficientes para identificar mandantes e executores — alguns dos apontados estariam mortos ou desaparecidos — e encaminha o caso para manifestação do Ministério Público Federal e decisão da Justiça Federal. Até agora, não há decisão pública do MPF nem da Justiça sobre aceitar ou não o arquivamento.
A família de Maxciel contesta o arquivamento e sustenta que há depoimentos e informações de inteligência, inclusive de testemunha protegida, que conectam o crime ao comerciante Rubens Villar (“Colômbia”), já denunciado no caso dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips. Maxciel atuava na TI Vale do Javari e participou de apreensões contra pesca ilegal dias antes de morrer. Para evitar um grave precedente de impunidade contra quem defende territórios e direitos indígenas, é fundamental que MPF e Justiça Federal aprofundem as diligências e garantam transparência e responsabilização.
O Opi publica esta atualização sobre o caso de Maxciel para informar, contextualizar e defender a continuidade das investigações, reforçando que a responsabilização de executores e mandantes é condição para garantir segurança aos territórios e integridade às políticas de proteção dos povos indígenas isolados e de recente contato.


