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Opi repudia falas racistas de grileiros, garimpeiros e parlamentares em Santarém

Estudantes protestam contra evento de parlamentares a favor da grilagem e do garimpo ilegal. Foto: Tapajós de Fato.
Estudantes protestam contra evento de parlamentares a favor da grilagem e do garimpo ilegal. Foto: Tapajós de Fato.

Published by Opi

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O Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato – Opi vem a público manifestar seu repúdio à presença de parlamentares defensores da grilagem de terras e do garimpo ilegal que tentaram, sem sucesso, realizar um evento dentro do campus da Universidade Federal do Oeste do Pará – Ufopa, com a intenção de atacar os conhecimentos científicos, afrontar os povos indígenas e comunidades tradicionais e desrespeitar seus direitos constitucionais.
O referido evento, promovido por uma frente parlamentar do Pará e do Mato Grosso não foi anunciado com antecedência e pegou de surpresa professores e estudantes da universidade que tem o maior número de alunos indígenas do país. Na manhã de hoje, 28 de abril, garimpeiros ilegais, grileiros de terra e seus representantes nas casas legislativas se dirigiram até o campus da Ufopa, em Santarém e foram recebidos com protestos pela comunidade acadêmica. Em resposta, ofenderam indígenas, discentes e docentes da instituição, que foram imediatamente defendidos pelos estudantes que exigiram respeito aos professores. Aos gritos, garimpeiros diziam que o mercúrio não faz mal, contradizendo décadas de pesquisas científicas sobre os danos graves causados pela substância, utilizada na extração de ouro, que contamina as águas da bacia do Tapajós por causa da proliferação dos garimpos ilegais.
A revolta pela presença dos defensores da destruição da Amazônia e de seus povos foi tanta que o evento não pode ser realizado no campus e foi transferido para a Câmara de Vereadores de Santarém. Na Câmara, ainda sob protesto de indígenas e ribeirinhos, os promotores do evento deram mais demonstrações de ignorância e racismo. Repudiamos especialmente a fala violenta do senador Zequinha Marinho (PL/PA) que colocou em dúvida a presença milenar dos povos indígenas do Tapajós, ao dizer que Santarém seria uma “fábrica de indígenas”. O racismo dessa colocação está no mesmo patamar dos discursos que justificam massacres e genocídios: ao negar aos povos indígenas sua identidade, o parlamentar tenta apagar seus direitos constitucionais e sua própria existência.

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