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Intercâmbio em Monte Salvado, no Peru, fortalece rede transfronteiriça de proteção a povos indígenas isolados

Participantes do Intercâmbio Yine Manchineri se reuniram em Monte Salvado, no Peru.
Foto: Lucas Manchineri/Mappha/Opi

Published by Opi

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Entre 3 e 8 de novembro, a comunidade de Monte Salvado (Peru) sediou um intercâmbio entre coletivos indígenas dedicados à vigilância e ao monitoramento territorial em áreas com presença de povos indígenas isolados. A região da fronteira entre os países é área de circulação daquele que é considerado o povo indígena isolado mais numeroso do mundo, os Mashco-Piro. A iniciativa dá sequência às trocas que vêm sendo realizadas entre os povos Manchineri (Brasil) e Yine (Peru), com foco no compartilhamento de técnicas, protocolos e experiências práticas de proteção.

O encontro teve dois objetivos centrais. Primeiro, socializar metodologias já consolidadas no Brasil—como expedições de qualificação de informações e rotinas de monitoramento de vestígios —com grupos do lado peruano; segundo, aprender com os protocolos tradicionais aplicados no Peru para lidar com sinais de presença e caminhos de circulação de grupos isolados, incluindo regras locais de prevenção de contato e de segurança comunitária.

A programação incluiu comparações de contextos em diferentes bacias da região, com destaque para os rios Yaco, Las Piedras e Alto Madre de Dios. Também participaram do intercâmbio representantes da Associação Kanamari do Vale do Javari (AKAVAJA) e da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). 

Foto: Lucas Manchineri/Mappha/Opi

Segundo Lucas Manchineri, o intercâmbio também contribui para preparar as comunidades caso ocorram aproximações inesperadas de grupos isolados, reduzindo riscos sanitários e de segurança. A iniciativa contou com parceria da Associação Manxineru Ptohi Phunputuru Poktshi Hajene (MAPPHA) e apoio da Comissão Pró-Indígenas do Acre (CPI-Acre) e do Observatório dos Direitos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi). 

Como resultado, os participantes acordaram em manter a cooperação contínua, ampliar parcerias institucionais e divulgar orientações às comunidades e autoridades competentes, de modo a garantir respostas rápidas e coordenadas frente a pressões externas e eventuais situações de contato. A avaliação final sublinhou a grande importância do intercâmbio para dar visibilidade ao trabalho indígena de proteção territorial e tornar públicas as informações essenciais para a segurança dos territórios e dos povos em isolamento.

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