Grupo isolado que é considerado o mais numeroso do mundo transita sazonalmente entre o Peru e o Brasil.
A Associação MAPPHA – Manxinerune Ptohi Phunputuru Poktshi Hajene, do povo Manchineri, em conjunto com a Comissão Pró-Indígenas do Acre (CPI-Acre) e com apoio do Opi (Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato) realizam ao longo de 2025 uma série de expedições no interior da Terra Indígena (TI) Mamoadate, localizada no município de Assis Brasil, no Acre, com o objetivo de qualificar informações sobre os parentes desconfiados (isolados) que vivem na região do alto rio Yaco, dentro da TI. Já foram realizadas duas expedições, em maio e agosto, e há uma terceira prevista para o mês de novembro.
As ações reforçam o monitoramento do território pelos próprios moradores, garantindo a segurança tanto dos Manchineri quanto dos grupos isolados Mashco Piro, que transitam no território indígena sazonalmente. A presença deles em algumas épocas do ano pode provocar conflitos. Em 2024, o grupo de monitores registrou diversos vestígios de indígenas isolados nos roçados e pela primeira vez uma residência foi saqueada na aldeia Extrema. As expedições também têm a função de buscar sinais de invasores, como madeireiros e garimpeiros, nos limites da TI.
“Seguimos rigorosamente os protocolos culturais e de segurança definidos pelo povo Manchineri, para evitar qualquer risco de contato direto com os parentes isolados e respeitar seu direito ao isolamento voluntário”, diz o relatório da segunda expedição, realizada entre julho e agosto. Ao buscar sinais da presença dos isolados no território, os Manchineri conseguem estabelecer perímetros para conseguirem se deslocar sem risco de um encontro indesejado com eles.
O trabalho também tem um caráter pedagógico, ao fortalecer o protagonismo indígena na proteção do território e formar monitores mais jovens que passam a conhecer melhor a própria terra e os desafios de conviver com a presença constante dos Mashco Piro. Cerca de 15 indígenas participaram da última expedição, com visita a um marco de delimitação do território onde não foram constatados sinais de invasores nem da presença de isolados.